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  • Foto do escritorRestauração Cultural

As casas feias

Le Corbusier, de orientação política fascista — não o xingamento que os verdadeiros fascistas fazem aos inocentes —, um ramo do comuno-marxismo que prega tudo dentro do estado, é amado, idolatrado, salve, salve em terras tupiniquins. Posso supor três possibilidades diferentes para tanto amor a obra tão horrorosa: 1: perversidade; 2: ignorância; 3: vergonha das origens. 1. Sobre a perversidade. nem há o que falar, ela é o que é, o desejo de um mundo feio, que agride o olhar. Quanto mais feio o mundo, mais cruéis as pessoas. Quanto mais longe da beleza, mais inveja, mais desejo de destruição, mais o desejo de ver o mundo esculpido conforme a própria feiura interior. 2. A ignorância é um traço típico e muito recorrente dos fessô-dotô produzidos em escala fordista nas unis nacionais, públicas e privadas, com trabalhos incapazes de atingirem o mínimo para fazerem parte do rol internacional de pesquisas acadêmicas. O Brasil continua sendo selvagem neste quesito e em muitos outros, especializando-se cada vez mais na selvageria, um infeliz dado de realidade. A ignorância é prepotente, acha que já sabe tudo e não se dedica ao estudo. Qualquer coisa que se estude é fruto do passado, de uma longa linha de modificações, e não é diferente com a arquitetura. Esta ignorância, medrosa de ser destronada, encobre a beleza do passado chamando-o de "opressor", oculta todas as transformações impondo vazias palavras de ordem, despreza os verdadeiros motores das transformações, as verdadeiras necessidades e objetivos de quem transformou e as características do entorno. Todo ignorante prepotente é apenas um pobre diabo que não aceita sua pequenez e nada faz para crescer. Ora, desde que o mundo é mundo, o povo imita a elite, antes composta de realeza e aristocracia. É esta arte produzida por e para essas parcelas da população de qualquer povo que estudamos, pois é o que foi preservado por haver condições de preservação que podem ser até por espólios de outros povos, como muito ocorreu na Mesopotâmia, com frágeis impérios sendo varridos para sempre...

A exceção, pois sempre as há, é a pintura vascular grega, fruto da iniciativa privada e grande concorrência entre os ateliês que as produziam, desde os princípios do período arcaico. Em sua época, não era considerada arte, não havia crônicas sobre ela. Mas no mundo atual, onde a documentação do passado é escassa, o utilitário vaso grego passou a ser considerado arte desde o século XIX, apesar dos defeitos: muitos vasos são bambos, dificilmente a simetria é perfeita e outros pequenos detalhes. Mas não deixam de ser belíssimos aos nossos olhos poluídos de tanta modernidade Voltando à arquitetura. 3. A vergonha das origens. Aqui em São Paulo, sempre choveu muito, e os portugueses, com experiência nas Índias Orientais das monções, construíam casas com um longo beiral, pois que a estrutura era de pau-a-pique, adobe ou taipa, visto as pedras não serem fartas por aqui. A chuva, obviamente, destruía a parede de barro e a proteção só poderia vir do telhado estendido que era de palha e só depois de telha. Quando São Paulo começa a enriquecer com o café, em meados do século XIX, grande parte das edificações de barro foram postas abaixo dando lugar a algo mais duradouro e, no final do século, arquitetos como Ramos de Azevedo, homenageado numa praça central da cidade, trouxe o Art Nouveau belga, o mais belo de todos, para ornamentar os novos edifícios construídos. Naturalmente, tanta beleza de um estilo curvilíneo e floral caiu no gosto da população, e todos aqueles que não faziam parte da elite que podia contratar arquitetos de inspiração belga construíam suas casas imitando o estilo com simplicidade, mas que gerou belíssimas casas simples e sobrados, como se pode ver nas fotos abaixo, todas de casas paulistanas.



Esta casa tem porão, foi construída acima do nível da rua, para evitar a umidade direta do solo.


O portão e as grades do muro são a imitação simplificada do Art Nouveau belga.

São Paulo é morta pelo modernismo e por Getúlio Vargas, outro simpatizante do fascismo que estimulou migração massiva para uma cidade sem condições de acolher tanta gente, sendo hoje algumas ilhas de quase civilização com trânsito caótico rodeada de um mar de favelas. Também não podemos esquecer que o Futurismo italiano, que pregava a era da máquina, é adepto do mesmo movimento político. Tudo o que visa destruir o passado tem raiz marxista com seus tentáculos fascistas, nazistas, trotskistas, maoístas e outros "istas" menos cotados.

Ainda no início do século XX, entre 1927-1928, o arquiteto Gregori Warchavchik construiu a "casa modernista" na Vila Mariana. Naturalmente que uma estrutura quadrada cercada de verdes jardins perde bastante de sua desumanidade e de seu primarismo. E a elite rude e complexada por sua incultura que sempre caracterizou o Brasil moderno e modernista, louca por ser diferentona, adere às formas rígidas e sem alma apenas pela novidade. Lembremos que o povo em geral sempre imita a elite, assim como as crianças brincam de ser adultos. Se os exemplos são maus, o resultado também será mau.

Le Corbusier começa a se destacar após a Primeira Guerra. Mas uma Europa destruída precisa de estruturas rápidas, havia a influência das ideias dos futuristas, do dadá do De Stijl e de várias vanguardas anteriores e posteriores às guerras que traumatizaram o Velho Mundo. Nem o Art Déco, belíssimo e com linhas de simplicidade elegante, conseguiu fazer frente ao que se desenvolveria e seria chamado de brutalismo, amplamente incensado e construído no Brasil como única arquitetura possível. Foi Le Corbusier quem propôs derrubar todo o centro oitocentista parisiense para reconstruí-la com o Plan Voisin, cujo projeto está ao lado. Felizmente, não foi concretizado.


A "unidade de habitação" projetada por Le Corbusier, em Marselha, logo após a Segunda Guerra, exemplifica bem seu ideal de construção. Um espetáculo de feiura e foco de problemas psicológicos dos habitantes, e compete, em termos de consequências, com os projetos de Walter Gropius. No livro Eu, Christiane F., 13 anos, prostituta e drogada, a jovem fala do local em que morava, projetado por Gropius, que "fedia a mijo". Tudo pelo motivo de se fazer "justiça social" na prancheta, o sonho de todo suposto arquiteto e urbanista brasileiro. Multidões espremidas em "unidades de habitação", o público que não é de ninguém e se deteriora, a ausência do mínimo conforto como um banheiro próximo para crianças que precisam de espaço para brincar. Este é o legado do tão alardeado e desejado adensamento populacional e consequente verticalização que os arquitetos brasileiros venderam para políticos corruptos destruindo as cidades. Justiceiro social não pode ver uma área verde que já quer levantar uma favela com as mais disparatadas mentiras. Não pensa na necessidade de natureza que os humanos normais, uma espécie em extinção, têm. Em Montreal, o arquiteto Moshe Safdie projetou estes módulos habitacionais. De longe, parece uma favela. De perto, com algum verdinho aqui e ali, é até melhorzinho. Mas imagine morar num lugar assim sem elevador, com corredores abertos, numa cidade que, no inverno, tem temperaturas negativas inimagináveis... Nem como escultura é agradável, é algo que com lego é mais divertido. Mas as políticas socialistas enfiam o mau gosto na goela da população que, mundo afora, apenas se conforma...



No primeiro volume do livro História da Vida Privada, organizado por Georges Duby, é contado que os romanos, um povo agricultor, sempre deixavam uma parte, cerca de um quarto, para mata virgem. Esse trecho tinha duas funções, a primeira de ser o berço e habitat de borboletas e outros insetos para que não atacassem as plantações; a segunda era ser uma reserva de plantio, caso necessário. Mas não se pode esperar que justiceiros sociais tenham esta cultura. Sua cultura resume-se à destruição. A vergonha das origens dos arquitetos brasileiros se reflete na vergonha do longo beiral, das cadeiras nas varandas, da vida familiar, das formas curvelíneas que se tornaram "ultrapassadas" dando lugar à "científica" linha reta, sem ornamentação e sem detalhes e causou a extrema feiura das cidades brasileiras trazendo males como a sujeira e a violência. Outro resultado triste é a imitação das formas insossas nas casas atuais. Não há nada digno de nota, só de depressão. Claro que não estamos falando de custos num país onde 70% (contando descontos e consumo) é imposto para bancar a burocracia estatal contra o pagador de impostos e que promete, há décadas, a injusta justiça social: conceitos abstratos adjetivados nunca são o que dizem ser, são pretextos para espoliar quem gera riqueza. Uma das piores combinações para um país são seus políticos com seus arquitetos, Brasília é o resultado óbvio disso. Prepotência, feiura, desumanidade, só podia ser o paraíso da corrupção que, aliás, foi construída quebrando as reservas de aposentadoria para instituir-se o regime criminoso de pirâmide financeira.


Nada mais adequado que o termo "brutalismo" para o estilo arquitetônico preferido entre os supostos arquitetos nacionais.

 

Autoria de Lucília Coutinho


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